domingo, 28 de outubro de 2012

Girassóis brilhantes















Silêncio.
Há um novo caminho à sua frente.
A linha do horizonte se moldou aos seus olhos
para que você pudesse novamente se guiar.

Silêncio.
Escute o canto dos pássaros,
as cigarras que brincam
anunciando o Sol que logo vem.

Silêncio.
Abra os olhos!
Há um campo florido bem ali.
Ali mesmo, dentro e fora de você.
Margaridas, begônias, violetas,
rosas vermelhas e rosas.
E girassóis.

Um Sol amarelo que cumprimenta os girassóis
e os acaricia num gesto digno de encantamento.
Os girassóis, em agradecimento, se viram
e vão se virando conforme o Sol vai andando.

Eles brilham tanto quanto o Sol
tão amarelos quanto a música
da Cidade Negra revela.
E seguindo o sol, buscando-o,
querendo-o
vão pintando em sua janela
a paisagem mais bonita.

Ela te sussurra:
- Há uma saída.
Experimente a janela.

Através dela o céu tão azul,
azul como você nunca viu.
Azul-céu, azul anil,
que vai se modificando conforme o Sol
vai se pondo.

Um azul
que nunca foi possível se ver
nos olhos de ninguém.
Aquele azul é seu.
E dos girassóis.

Os girassóis capturam o azul,
o amarelo, todas as cores em volta.
E te sussurram:
- Você se encontrou.

Mas há - sempre haverá!
pedras no caminho,
como disse, um dia, Drummond.
E entre as pedras, há de nascer
quem sabe uma única vez
uma flor.

Que tal um girassol?


(Especialmente pro Math, pela paixão por girassóis e pelo poema lindo que me inspirou.)

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Sobra tanta falta

A paisagem me chama e não a vejo. Não vejo nada ao meu redor porque faltam imagens em minha mente. Além da sua. A sua imagem é a única que me aparece o tempo inteiro. E, mesmo assim, as imagens recentes não me permitem te recordar tanto assim. Nunca mais te vi. Nunca mais focalizei aquele sorriso lindo. O inacreditável é que eu quis que isso acontecesse. Eu inventei a falta de tempo para fugir; não tive paciência nenhuma de encarar você. Ainda não tenho. Eu não tenho vontade e tenho ao mesmo tempo. É uma contradição permanente, um nó que cada vez se aperta mais e vai entalando na minha garganta. As palavras não passam: falta tanta coisa para dizer que eu não consigo. Queria poder dizer que eu tenho medo e que nunca tive. Eu tenho medo do tamanho do que eu sinto por você, eu tenho medo de não saber me controlar diante do seu olhar. E eu também tenho medo do que isso causa em mim. Todos os dias é uma luta entre razão e emoção. Todos os dias eu tenho que escolher. E eu não sei escolher. Eu possuo tantas meias-verdades guardadas dentro de mim que queria poder contá-las. Porém elas não cabem nem dentro das palavras, nem dentro dos meus olhos, nem dentro dos meus sorrisos. Elas não cabem nem em mim. O desejo de você é exponencial. E você me deu todas as pistas para acreditar que o seu cresceria na mesma proporção. Mas agora, sobra tanta falta de amor. Sobra tanto espaço dentro de todos os abraços, porque só são realmente preenchidos quando você está neles. Sobra tanta falta de carinho. Sobram palavras demais e verdades de menos. Sobram expectativas e faltam realizações.
Será que o que você me deu foi realmente dado, não foi emprestado? Será que não era para eu usufruir por um tempo e depois abandonar? Qual o intuito disso tudo, afinal? Eu quero saber se o que me deu é meu ou é seu. Eu quero saber se compartilhamos alguma coisa. E quero saber se dentro de você ainda existe alguma coisa não dita também.
E de novo a paisagem me chama e não a vejo. Os pássaros cantam e não ouço: audição, visão e pensamento são totalmente ocupados por você.

(Texto inspiradíssimo na música "Sobra Tanta Falta" de O Teatro Mágico)

100ª POSTAGEM DO BLOG!

sábado, 13 de outubro de 2012

Dois mil e sete

Eu não sei por que eu penso tanto em você se convivemos tão pouco. Eu não sei a razão para você ser a primeira pessoa a vir à minha cabeça em diversos momentos.
Faz tanto tempo que você se foi... Faz tanto tempo que eu convivi com a tragédia de não te ter por perto.
Creio que você teria a minha idade hoje. E que provavelmente ainda seríamos amigos, apesar de que nós estávamos apenas construindo o início de nossa amizade quando você foi embora. Mas eu senti um carinho por você que eu não soube explicar. Não sei dizer se foi paixão, se foi amor de amigo, se foi outro tipo de amor... Tive muito pouco tempo para descobrir o que foi aquilo que você despertou em mim.
Hoje eu resolvi escrever para você pela primeira vez, porque faz alguns domingos que me pergunto porque sempre rezo por você quando me pedem para rezar por pessoas queridas que se foram. Você é sempre o primeiro que eu penso. E todos os dias, eu estou sempre pensando em você. Dizem que amizade é um amor que nunca morre. Talvez seja isso, talvez tenhamos tido pouco tempo, porém o necessário para consolidar esse amor. Não sei. O que eu posso te dizer é que você está dentro de mim desde o momento que sorriu para mim pela primeira vez.
Eu tenho lembranças muito vagas, pois já faz cinco anos. Poucas memórias, mas boas memórias do nosso polícia e ladrão e de você me dizendo que era o lobo mau. Tão engraçadinho! Discuti contigo inúmeras vezes, me lembro bem, trocando ironias enquanto você brincava comigo.
Nós estávamos apenas começando... Talvez hoje fôssemos... Ou não fôssemos nada, ou nos afastássemos. Eu não tenho como saber, apenas como lembrar. E como eu lembro de você... Daquele seu rosto de criança... Acho que você estaria tão lindo hoje. E esse ano você estaria no mesmo processo que eu, no mesmo ano que eu, estaríamos mudando as nossas vidas um com o outro e compartilhando tudo isso. Ou não. Mas eu teria vontade, é certo.
Aquele dia em que eu recebi a notícia é um dia que eu jamais vou esquecer. Tudo que eu pude pensar foi: "Como Deus quis levá-lo tão cedo?", mas depois eu vi que Deus estava precisando de um anjo. E que não existia melhor pessoa para cumprir esse papel do que você.
Hoje eu sei que você olha por mim. E que você ouve todas as minhas orações. Eu espero que você esteja bem. Eu espero que você esteja em um lugar lindo.
Tenho saudades do que a gente nunca viveu. Saudades eternas.
Eu te amo, Pedro. E me desculpa por só descobrir isso depois que você se foi.

De JAN/07 até...

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Silêncio. Estou cantando a minha vida.

Minhas mãos escrevem
o que meu coração quer falar
É a resposta para tudo
e todas as perguntas
que precisam de mais respostas

Tudo muda quando olho para o papel
A caneta desliza como uma nuvem
a acariciar o céu
As letras se transformam diante os meus olhos
e viram sentimentos

Sinto a paixão, o desespero,
sinto o tempero, o cheiro
Sinto suas mãos a me tocar
Sinto todas as cenas a passar
diante do meu olhar
como um filme a me torturar

As lembranças boas também vêm
e tristezas e alegrias passam a fazer parte da mesma imagem,
aquela imagem que exprimo no papel,
que a caneta desenha e cada letra descreve
Cada "a" e cada "r" é um pedaço da minha história
Todo o alfabeto produz os acordes da minha canção

Minha vida tem trilha sonora,
e nela está contido cada passo
no escuro
que fazia barulho ao não querer fazer
para não acordar ninguém
Nela está contido cada agudo
que eu alcancei tentando cantar
a nossa melodia
Nela está contido cada suspiro que eu dei
tentando te esquecer
Minha trilha sonora
Possui o barulho das gargalhadas ao raiar do dia
e os soluços da madrugada

E todas as palavras possuem cada som
que um dia fez parte da vida
E, juntas, compõe a melodia
que embala cada dia,
que me faz entender
porque há tantos acordes que eu ainda não conheço:
a cada segundo produz-se uma nova parte da canção.

Ela não tem fim,
não tem início
Apenas meio
Não possui maestro
Vai-se guiando pelos acontecimentos,
pelos momentos e sentimentos

A cada dia se renovando
e tocando aos meus ouvidos novos sons
Porque também a cada dia eu me conheço
e vou, aos poucos, cantando
A nova melodia que se apresenta

A poesia, os contos,
dão o tom exato às minhas trilhas sonoras
que se estendem por toda a vida
e perpassam todas as horas
e todas as histórias
e todas as memórias.

domingo, 7 de outubro de 2012

Eu sou carioca


Fechei, fecho e fecharei com Marcelo Freixo.

É inexplicável o que essa campanha causou em mim. Nunca me arrepiei com política e, muito menos, me interessei por política. E aí vem Marcelo Freixo, chega de fininho, com seu partido pequeno e ousado e me conquista. E vejo conquistar centenas de jovens por esse Rio de Janeiro. Vejo crescer a esperança nos olhos da nova geração. Convenço meus pais, meu irmão já está convencido. Começo a conversar, a me politizar. Eu vi crescer essa campanha, eu vi nascer um novo olhar entre os jovens, uma nova certeza. Uma onda de adesivos com o solzinho me invadiu. E eu via as bandeiras, os vídeos, os debates. Esperei ansiosamente por todos os debates. E torcia e gritava e falava com o Freixo através da televisão. Tive a oportunidade de comparecer ao comício na Cinelândia e presenciar a mudança de local, pois não cabia todo mundo na ABI. Meus olhos marejaram ao ver aquela quantidade de pessoas acreditando tanto quanto eu. Pesquisei as propostas e não estava nessa somente porque a juventude estava com ele. Não, eu fechava - e fecho - com ele.
Não posso declarar aqui que o governo do atual prefeito foi totalmente ruim. Mas o fato é que eu vi mudanças acontecerem e não se concretizarem; eu vi as mudanças e não as melhorias. Fazer o que? O triste é ver que o carioca - e o brasileiro também não, penso - não valoriza seu voto. Prefere optar pelo confortável e já certo do que por uma mudança efetiva. E não digo nem pela adesão ao Socialismo. Não, até porque não me considero socialista (tudo bem que tendo muito mais para esse lado). Porque seria impossível implantar o Socialismo aqui, mas digo pelas propostas de conversas com a população para decidir o que quer que fosse, pelas milhares de vezes em que ele abriu os olhos para todos os problemas ao redor e também por ser uma campanha não financiada que contou com a livre e espontânea vontade da população de colaborar. E ela colaborou! Tivemos uma porcentagem boa dos votos - não o que gostaríamos, é lógico.
E o meu balanço final de tudo isso é que valeu a pena. Só de eu poder sair hoje para votar feliz e com a plena consciência de que sou cidadã, só de abrir um sorriso ao ver a foto de Marcelo Freixo ao apertar cinquenta e confirmar, só de ter esperança na política, valeu a pena. E valeu ver a quantidade de sorrisos que essa campanha despertou e o legado que tudo isso deixou.
Não é hora de fraquejarmos, nem de desistirmos. O sonho começou. A nova política está aí. A política somos nós e não ele. E se cobrarmos, se quisermos, poderemos construir um Rio de Janeiro melhor. Basta agora que usemos todas as nossas convicções adquiridas para desejar ao prefeito um bom governo. E para cobrar que seja assim e que não tenhamos mais quatro anos de desgostos.
Eu sou muito feliz por ter feito parte disso.

(E apoio a candidatura do Freixo a governador daqui a dois anos!)

sábado, 6 de outubro de 2012

Paredes

Tudo a minha volta continha o seu nome. As paredes desbotadas me lembravam de quão desbotada estava a minha vida. Encostada em uma delas, com um livro no colo - não mais papel e caneta - as letras embaralhavam-se em minha mente e não faziam sentido algum. Precisei revisar as frases mais de cinco vezes, para tentar uma compreensão mínima do que eu li. O que eu li? Não sei. Eram dores de algum outro amor - não aquele que doía em meu peito agora; eram feridas expostas de outras pessoas que pareciam as minhas, que lembravam você, todas as vezes. Recordo-me de agarrar o livro com tamanha força que era provável ter te personificado ali. Me peguei conversando com as paredes, contando a elas todos os meus segredos, aqueles que você fingia não saber. Não era muito boa com as palavras, mas, de alguma forma, aquelas paredes me entendiam e encará-las, na verdade, parecia um conforto. Nunca estive tão bem entre quatro paredes, a não ser quando estava contigo. Naquele momento, as paredes poderiam estar mais distantes ou mais próximas: eu não me importaria. Porque a única coisa que importava realmente eram as minhas costas encostando em uma delas. Estava gelada. Gelada como o meu coração. Nada combinaria mais com aquele frio do que você e seus braços, seus abraços, seus passos em direção aos nossos laços e pedaços. O arrepio que percorria a minha espinha pedia por você, por nós. A parede encostada em minhas costas atormentava-me dizendo o quanto eu estava só. Todas as paredes pareciam me esmagar, me sufocar. Encurtaram a distância e eu acabei percebendo; uma distância tão frágil onde só caberia eu e você. E as paredes a escutar também o nosso caso secreto. Quando se expandiam, elas traziam solidão e ainda mais vontade de você. Por isso não importava aonde estivessem, elas sempre seriam você. Como cada canto daquele quarto vazio, frio, oco. Como cada espaço do meu corpo, vazio, frio e louco. Cada vestígio de nós estava presente ao redor. Em mim, em todos os meus poros. E naquelas paredes.